quinta-feira, 2 de outubro de 2008

GRIPPI, Sidney. ATUAÇÃO RESPONSÁVEL & DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - Os grandes desafios do século XXI. Rio de Janeiro: Editora Interciência, 2005

Resenha dos capítulos VIII a X (pág. 47 a 64)
A terceira parte do livro está voltada para alertas, denúncias e possíveis soluções para problemas ligados principalmente à contaminação do solo tanto pelos agrotóxicos como pela escória de alto-forno (subproduto da indústria siderúrgica). O capítulo em que o autor expõe sua total indignação pela maneira como foi imposto à sociedade o uso desnecessário dos “defensivos milagrosos” na agricultura está batizado por ele como “A Praga Institucionalizada”. Uma indignação perceptível em cada palavra, onde conta em poucas linhas, o histórico do veneno no Brasil e as histórias fantásticas contadas ao povo completamente desinformado, povo este que por seu total desconhecimento e fácil domínio, morreu, se matou, ficou severamente intoxicado, fazendo inclusive com que precocemente jovens fossem aposentados por incapacidade de trabalho, gerando gigantescos prejuízos ao sistema de saúde. Comenta também sobre o Receituário Agronômico, que usando de argumentos logicamente inconsistentes, foi instituído na realidade mais para aumentar a venda de defensivos agrícolas do que uma ajuda no combate a fome no Brasil. Esse receituário, por conseguinte, isenta o fabricante da responsabilidade pelas mortes e intoxicações causadas, colocando a mesma nas mãos do agricultor e do receitante. Observa-se então uma enorme preocupação por parte do autor com o uso indiscriminado desses produtos, beneficiando desta forma o leitor com inúmeras recomendações quanto ao uso, armazenamento e relacionamento dos mesmos, que segundo suas palavras “Foram os alemães os primeiros a inventarem a arma química que hoje é chamada ardilosamente e ingenuamente de ‘defensivo agrícola’”. Soluções como o uso de variedades vegetais resistentes às pragas endêmicas de determinada área geográfica; rotação de culturas; adubação adequada; uso de armadilhas mecânicas ou naturais; controles biológicos que não trazem malefícios à cultura são algumas posturas essenciais para se ver livre da dependência do agrotóxico. O artigo em estudo irá mostrar outra solução para o não uso dos agrotóxicos, uma técnica inteligente de agricultura: as agroflorestas.
No capítulo sobre as escórias geradas em grandes quantidades pelas aciarias brasileiras, foi demonstrada através de cada palavra exposta, a forma incorreta quanto ao seu destino final induzida tanto pelo gerador quanto pela autoridade municipal. As informações aqui prestadas são de suma importância e ao mesmo tempo salutar para a sociedade que desconhece os perigos advindos da escória e conseqüentemente continua se expondo a esse inimigo oculto e enganoso presente em inúmeras cidades industriais do Brasil. Sob a ótica do autor “a reciclagem e a incorporação do produto são o caminho ecologicamente correto”.
A Agenda 21 também está presente. Mais uma vez nos colocamos como personagens do capítulo, ao percebermos que estamos entre os inúmeros cidadãos brasileiros que ainda não acordaram para a responsabilidade dessa importante ferramenta dos municípios e estados brasileiros. E mais incrível ainda, percebe-se através das palavras do autor que a esmagadora maioria dos municípios sequer sabe o significado deste projeto. Sentimo-nos então na obrigação de conhecermos o verdadeiro conteúdo da Agenda 21 brasileira, que se volta para infra-estrutura e integração regional; cidades sustentáveis; agricultura sustentável; gestão dos recursos naturais; redução das desigualdades sociais; ciência, tecnologia e desenvolvimento sustentável. Precisamos torná-la uma realidade nacional, para que possamos garantir pelo menos saneamento básico para parte da sociedade brasileira ainda desprovida de tal recurso, garantindo-lhes assim melhor qualidade de vida.

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